Maria Helena Lesqueves Sandoval

PELE E MENTE: Uma relação indissolúvel

Segundo a OMS, o conceito de saúde é “Ausência de Doença”. Os médicos dermatologistas, ao longo de suas variadas áreas de atuação na especialidade e na medicina, tentam ampliar um pouco este conceito.

A saúde física e mental do indivíduo envolve uma grande área de percepção pessoal, envolve sua inserção no meio social, sua habilidade de comunicação e sua autoestima. A saúde física não está dissociada da saúde mental. A relação médico-paciente tem fundamental importância em conseguir extrair do paciente as causas que influenciam o psiquismo a gerar doença. Enxergamos nos pacientes, aspectos que vão além do físico e tentamos obter na anamnese, histórias que podem explicar o que sentem. Todos têm uma história que deve ser levada em consideração.

Os estudos vêm mostrando inter-relação do cérebro-mente e seu efeito sobre os sistemas orgânicos. Assim, “conseguimos entender melhor o mecanismo de formação da doença, a possibilidade de gerar saúde e melhor ainda, podemos antecipar-nos aos desequilíbrios”, relata o experiente Dr. Roberto Azambuja, coordenador do departamento de Psicodermatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia. E, muitos desses desequilíbrios tomam forma de doenças dermatológicas aparentes.

Enumeramos várias doenças do dia a dia que recebem nítida influência do Psiquismo: Vitiligo, Psoríase, Alopécia Areata, Escoriações Neuróticas, Dermatite Atópica, Ilusão de parasitas na pele além de várias outras Dermatoses ligadas ao Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Depressão e Transtorno da imagem corporal. Todas essas doenças são precedidas por situações de estresse, nas suas mais diversas formas.

Com a corrida desenfreada da vida moderna, o estresse atua no corpo de forma avassaladora, gerando ativação de vários sistemas no organismo, imunológico, endócrino e nervoso que caracterizam a resposta a este estímulo.

Essa resposta, por muitos anos foi considerada um mecanismo adaptativo de sobrevivência, mais com a modificação deste conceito, o estresse passou a atuar como mecanismo DESENCADEANTE de diversas doenças inflamatórias, autoimunes e alérgicas.

Vários são os estímulos estressantes que recaem sobre a pele, entre eles agentes internos, ambientais e emocionais, como o estresse psicológico, principalmente.

Quase nenhum outro órgão do corpo humano é continuamente exposto a uma ampla variedade de elementos estressantes como é a pele.

Com isso, a atenção do dermatologista deve ser voltada para o psiquismo do paciente e a origem neuroendocrinológica do que está à sua frente.

O dermatologista navega desde o oceano da pele, mente e emoções ao oceano da atuação da Cosmiatria, área da Dermatologia que, quando bem orientada e executada, gera autoestima, confiança e boa relação do paciente com o meio.

Portanto, recordamos que o dermatologista deve ser atento a tudo que lhe é falado durante a consulta, ter um diálogo fácil para ampliar a possibilidade de conversa e diagnóstico preciso, no final.

Lutamos junto a Sociedade Brasileira de Dermatologia que a formação do Dermatologista passe por estudos em todas as vastas áreas ligadas a saúde, no seu mais amplo conceito de saúde física associada a saúde mental, devendo assim, proporcionar que este profissional “enxergue além da pele”!

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