Temos acompanhado na grande mídia as notícias sobre resultados catastróficos em tratamentos estéticos que pretendiam a melhoria da saúde e da qualidade da pele nas pacientes.
Um caso foi o da modelo Andressa Urach que exagerou no desejo de pernas torneadas com rapidez.
Outro caso ocorreu na cidade de Goiânia com uma paciente submetida ao mesmo procedimento por uma profissional não médica, evoluindo para óbito.
Ao passo que o capital financeiro e o capital intelectual são ativos valorizados e buscados por todos, uma parcela da população conta, valoriza e deseja ampliar seu capital visual, sua aparência física e porque não dizer, seu “sex appeal”.
Trata-se de uma tendência atual que vem se desenvolvendo a passos largos na nossa sociedade e em todas as economias pujantes do mundo.

A saúde e a qualidade da pele podem ser classificadas em uma mesma escala de zero a dez. Na base da régua está a pele com doenças e sem qualidade. No ponto medial 5 classificamos as peles que não apresentando doenças também não possuem o viço e a beleza. A classificação 10 é atribuída à condição onde a ausência de doenças se encontra com a exuberância daqueles atributos valorizados na nossa cultura.
Quando se avalia um paciente candidato aos procedimentos “anti-aging” a condição da pele deve ser cuidadosamente avaliada para que sejam definidas duas condições: Se o paciente é elegível para o tratamento pretendido e qual o procedimento será adotado de forma a se conseguir o melhor custo/benefício.
Tanto o médico como o paciente devem ter em mente que as melhorias possíveis e as mais seguras, são aquelas onde se galga ponto a ponto da escala citada acima, É ilusório contar com grandes saltos na recuperação da saúde e da qualidade da pele. Como também é ilusório atingir o esplendor da classe 10. Contudo, um plano de tratamento equilibrado realizado por médico capacitado traz, efetivamente ganhos na recuperação do viço e da beleza da pele degradada.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia defende que o profissional indicado para esse tipo de procedimento é o Dermatologista Especialista com conhecimento de Cosmiatria que é área de atuação da Dermatologia e que trata da qualidade e da beleza da pele. Responsável por procedimentos médico-estéticos e com seus conhecimentos em anatomia da pele e do subcutâneo, esse profissional é habilitado a executar procedimentos minimamente invasivos e resolver possíveis efeitos indesejáveis que poderão advir desses procedimentos.
Esses profissionais possuem larga experiência com a pele doente e sabem identificar aquela condição que não é doença, mas que poderá atingir grau mais elevado na escala.

Dessa forma um plano realista e seguro pode ser executado para a obtenção dos resultados possíveis.
Os casos citados são de conhecimento público porque as pessoas atingidas possuem acesso à mídia e de alguma forma esses relatos vendem manchetes. Mas existe um número grande de ocorrências desse tipo que não são relatadas e que atinge um grande número de casos.
A nossa preocupação deve estar voltada para a grande massa de moças que desejosas de seguir a tendência da beleza a todo custo, se entregam a profissionais não habilitados que realizam procedimentos sem técnica e segurança com produtos não aprovados para uso humano que são ofertados a custo irrisório.
Essas pessoas, em geral localizadas nas faixas mais vulneráveis da sociedade, precisam ser alertadas sobre os riscos e consequências dessa prática e que a beleza pode ser alcançada com a prevenção adequada, com a disciplina adequada e longe de riscos à saúde que afetam também a integridade psicológica.
A divulgação desse alerta e das práticas seguras de manutenção da beleza são, por excelência, a forma de redução dos problemas existentes na nossa sociedade pela distorção de conceitos válidos, mas que aplicados sem critério e segurança devidos, podem criar problemas graves.
Dessa forma não podemos aceitar a busca da beleza ao custo da segurança e da integridade física e psicológica do paciente.
Nada de exagero, muita cautela e avaliação especializada são o caminho adequado para a obtenção dos resultados possíveis quando se trata de melhoria na estética facial e corporal.
Dra. Maria Helena Lesqueves Sandoval (*)
*Dermatologista Especialista pela SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia
Presidente do Instituto Vida Salus – Entidade que disciplina e fiscaliza a formação e a atuação dos dermatologistas em todo o Brasil.